quinta-feira, 26 de agosto de 2010

megera

Baque. Lisos cabelos dourados, fá-los dançar, enquanto embaraço-me em tuas aglomeradas tranças de desprezo. Nove, oito, sete metros. Tua elegante superioridade cresce a cada passo de teu andar, ao passo que em meu andar circulam apenas fantasmas. Seis, cinco, quatro metros. Holofotes. Brilha tua aproximação, radiante e calorosamente, ao englobar de minha insolúvel miséria toda a plenitude, e tudo ao redor é nada. O Sol. Teu sorriso, exuberante como deuses inutilmente desejam ser. Foras tu sempre assim?
O perfume permanece o mesmo, que me gera -Três, dois, um metro.- Espasmos. Tu surges com outro, eu apresento-te à solidão.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

reino

Adormeço. A dor meço. Eis um castelo construído de meus pesares, bandeiras vermelhas-sangue alvoaçam na brisa novembrina. Novembro, doce... cedo. Surjo no sujo pátio, vislumbrando inalcançáveis e nunca-visitadas escadarias, e alcanço-as. Entre melancólicos portais, adentro por tais, encontro-me e me perco no saguão de minhas esquecidas lembranças. Envolto em pensamentos vários, surpreendo-me com o soar de mil cornetas e o galopar de quatro mil patas equinas anunciando a não-anunciada ascenção do almejado reino dos sonhos. Sou rei. Cara coroa no rei, rei no trono.
Vida longa ao rei.