quinta-feira, 22 de outubro de 2009

anoitecer

Ao suave cair de uma tarde memorável, em nada impedem minha relutância contra o fim de tão lendário momento e meu desejo de eternamente permanecer neste cenário, que brusca e simplesmente apaga. Em uma gradativa e inconveniente obra do acaso, a doce brisa, sem prévio aviso, pára de soprar. Deita-te os sedosos cabelos, dissolve a agora antiga fragrância. Teu enrubesciado semblante é abandonado em um recente pretérito, e em seu lugar forma-se, em contraste, uma frívola e pálida expressão vazia. Desfaz-se o toque, a nova ausência de contato provoca-me a mais intensa e física dor. Minuciosos elementos próximos perdem o brilho e, sob uma total escuridão, escondem-se. Afunda a harmônica paz na terra gélida. Acompanhado, o lento fechar de teus não mais vistosos cílios faz desaparecer teu invisível sol, e preenche-te de plena apatia. Celebremos a noite.

4 comentários:

  1. Ai gostei mas não é meu preferido ):
    Still ótimo ok (k)

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  2. o final deixou mais legal e me fez entender. tenho q ler os outros q nao li ainda o:

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  3. Dor física por algo não real, isto sim é um poema digno de poetas da antiguidade, simplesmente perfeito.

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